sábado, 8 de maio de 2010

O Soldado ao Final da Guerra


Entre escombros de metal retorcido
E terra remexida
Ao final da guerra
O soldado caminhou

Entre corpos apodrecidos de tanques e veículos
Ossos e crânios de velhos adversários e aliados conhecidos
O soldado procurou

Entre a destruição de seu país
De seu mundo e de sua vida
O soldado revirou

No meio do todo este nada
Que era um monte de tudo
O soldado finalmente encontrou

O velho anel de prata
Que no bolso
Por toda a guerra carregou
Enquanto sonhava com o retorno
Aos braços da amada

Mas ao lembrar do valor
Daquele pedaço brilhante de metal circular
Que estava todo sujo de terra
Derramou uma lágrima

A compreensão de que só restara ele
E que seria só daquele dia em diante
De todas as perdas e feridas
Essa era a que mais doía
A que mais feria...

Quanto ao anel
Em vez de guardar novamente no bolso
Como fizera durante toda a guerra
Preferiu enterrá-lo bem fundo na terra remexida
Entre metal retorcido, tanques apodrecidos
Entre ossos e crânios conhecidos

De conforto aquele anel não mais serviria
Como durante toda a guerra havia sido

Em vez de consolar
A dor da solidão temporária
O anel personificava
A eterna lembrança do que nunca voltaria


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