sábado, 22 de maio de 2010

Curtas linhas


Se eu fosse um poeta
Escreveria um soneto
Belo como Vinicius teria feito

Como não sou
Então me contento
Com parcas linhas
Cheias de sentimento

Minha musa não saberia
Envergonhado de minha arte
Para ela eu nunca mostraria

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Algumas respostas


Minha princesa
Desculpe se te firo
Só faço isso porque te amo

Me perdoe por não demonstrar
Mas não duvide que eu sinta

Sei que existem os dias difíceis
Amar nos fáceis teria pouco valor

Acredito num futuro longo
De cujo passado
Apenas as coisas boas restarão

Às vezes me desfaço da forma
Pra valorizar o conteúdo

Saiba que terás sempre meu amor
E que estarei sempre ao seu lado
Tanto nos bons como nos maus dias

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sem nome


Só não canta a pessoa amada
Quem não sabe o valor que tem
Pois é com pequenos ou grandes gestos
Que a chama se mantém

Quem se encanta e se entrega
Descrente de dor
Pula sem temer a queda
Nem duvidar do amor

Somente quem compõe
Sem vergonha e sem pudores
Não perde tempo e nem se opõe
Das certezas e dos amores

sábado, 8 de maio de 2010

A dúvida dela


Estou apaixonado
Mas ela não sabe

Corro atrás
E ela não percebe

Digo coisas
Que ela não ouve

Faço pedidos
Mas ela não cumpre

Espero por ela
Que não se decide

O Soldado ao Final da Guerra


Entre escombros de metal retorcido
E terra remexida
Ao final da guerra
O soldado caminhou

Entre corpos apodrecidos de tanques e veículos
Ossos e crânios de velhos adversários e aliados conhecidos
O soldado procurou

Entre a destruição de seu país
De seu mundo e de sua vida
O soldado revirou

No meio do todo este nada
Que era um monte de tudo
O soldado finalmente encontrou

O velho anel de prata
Que no bolso
Por toda a guerra carregou
Enquanto sonhava com o retorno
Aos braços da amada

Mas ao lembrar do valor
Daquele pedaço brilhante de metal circular
Que estava todo sujo de terra
Derramou uma lágrima

A compreensão de que só restara ele
E que seria só daquele dia em diante
De todas as perdas e feridas
Essa era a que mais doía
A que mais feria...

Quanto ao anel
Em vez de guardar novamente no bolso
Como fizera durante toda a guerra
Preferiu enterrá-lo bem fundo na terra remexida
Entre metal retorcido, tanques apodrecidos
Entre ossos e crânios conhecidos

De conforto aquele anel não mais serviria
Como durante toda a guerra havia sido

Em vez de consolar
A dor da solidão temporária
O anel personificava
A eterna lembrança do que nunca voltaria


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fim


É no final
E somente no final

Quando o silencio é mais alto que o farfalhar das árvores
E já suplanta o som da chuva

Quando as feridas já parecem cicatrizadas
Desde que não tocadas

Quando o calor das brigas
Vira um mero e distante sussurro

Quando o sentimento não dói
E nem alegra

É nesse final e somente nele
Que deve ser iniciado o doloroso trabalho de destruição das fotos

Pois no final
Já não há motivos
E nem tempo
Para arrependimentos