Entre escombros de metal retorcido
E terra remexida
Ao final da guerra
O soldado caminhou
Entre corpos apodrecidos de tanques e veículos
Ossos e crânios de velhos adversários e aliados conhecidos
O soldado procurou
Entre a destruição de seu país
De seu mundo e de sua vida
O soldado revirou
No meio do todo este nada
Que era um monte de tudo
O soldado finalmente encontrou
O velho anel de prata
Que no bolso
Por toda a guerra carregou
Enquanto sonhava com o retorno
Aos braços da amada
Mas ao lembrar do valor
Daquele pedaço brilhante de metal circular
Que estava todo sujo de terra
Derramou uma lágrima
A compreensão de que só restara ele
E que seria só daquele dia em diante
De todas as perdas e feridas
Essa era a que mais doía
A que mais feria...
Quanto ao anel
Em vez de guardar novamente no bolso
Como fizera durante toda a guerra
Preferiu enterrá-lo bem fundo na terra remexida
Entre metal retorcido, tanques apodrecidos
Entre ossos e crânios conhecidos
De conforto aquele anel não mais serviria
Como durante toda a guerra havia sido
Em vez de consolar
A dor da solidão temporária
O anel personificava
A eterna lembrança do que nunca voltaria